O Japão já sediou inúmeros eventos tais como Copa do Mundo (2002 na Coréia do Sul e Japão), Olimpíadas de Inverno (1972 em Sapporo; 1998 em Nagano) e Olimpíadas de Verão (1964 em Tóquio)
O nível de conservação dos estádios, organização dos eventos e envolvimento dos japoneses é notório.
Morei em 2010 na cidade de Yokohama, trabalhava em Tóquio e por todos os lados podia perceber como a nação respirava o futebol durante a Copa do mundo.
No evento de fechamento das Olimpíadas Rio 2016, foi representada a passagem de bastão entre Brasil e Japão através de uma apresentação futurista nas cores da bandeira branco e vermelho.
As Olimpíadas de Tóquio se inicia em 24 de julho em 2020.
Investimento para formar atletas de alta performance desde cedo
O Japão já investe em corrida de longa distância e tem como um dos principais eventos de promoção do esporte, os “Ekidens”, que são corridas de revezamento entre equipes de corredores profissionais, universitários e também amadores.
Ekiden de Hakone, um dos mais tradicionais do país
Marcas de forte presença nacional como Nissin, Honda, Toyota, etc. patrocinam os atletas de destaque oferecendo recursos básicos e assessoria através de uma equipe de treinadores.
No passado e em equipes tradicionais, o calendário de provas era determinado exclusivamente pelo treinador (e patrocinadores), sem levar em conta as opiniões dos atletas.
A flexibilização vem aos poucos acontecendo com jovens treinadores e alguns atletas – como Suguei Osaka – treinam fora do país, nos Estados Unidos com a equipe Oregon Project (a mesma de Galen Rupp, liderada por Alberto Salazar).
Já Yuki Kawauchi, atleta japonês amador campeão da última maratona de Boston, não é associado a nenhuma equipe profissional.
Yuki Kawauchi na vitória surpreendente em Boston
Método de treinamento japonês
A crítica negativa ao sistema japonês é o apoio na disciplina árdua e treinamento intenso que expõem o atleta ao overtraining, que leva a lesões e burnout.
Atletas quando ainda estudantes chegam a acumular 200km semanais (800k por mês) e aos 25 anos já sentem os efeitos do treinamento excessivo.
O sistema queniano permite mais descansos (um dia livre na semana) e treinos de rodagem com ritmo leve.
Isso pode ser uma contribuição para japoneses não figurarem nos eventos internacionais, bem como a prioridade dada aos Ekidens conflitando com calendário de treino para as principais maratonas.
Para aprofundar mais no assunto, recomendo o livro de Adharanand Finn, chamado de “The Way of the Runner” que retrata a cultura da corrida no Japão.
Expressivas marcas em 2018
O Japão já foi uma potência na corrida na década de 60, detendo mais de 90% dos melhores tempos e na frente de nações como Quênia e Etiópia.
Excluindo países africanos, o país merece ainda destaque junto com Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, etc.
Selecionando os resultados na Abbott World Marathon Majors apenas dos atletas top 10, o Japão tem 10 marcas sub 2h10min no masculino e 4 marcas sub 2h30min no feminino.
A Maratona de Tóquio foi tão competitiva esse ano que teve 8 japoneses correndo abaixo de 2h10min (os listados abaixo mais 3 acima do top 10).
A título de comparação, os atletas de elite brasileiros esse ano estão correndo na casa de 2h13min e o Quênia possui o recordista mundial, único na correr na casa de 2h01 (Kipchoge 2:01:39).
Top 10 Masculino
(Ordem de evento – mais recente)
Nakamura, Shogo 2:08:16 (#4 Berlim’18)
Uekado, Daisuke 2:11:07 (#8 Berlim’18)
Sato, Yuki 2:09:18 (#6 Berlim’18)
Kawauchi, Yuki 2:15:58 (#1 Boston’18)
Shitara, Yuta* 2:06:10 (#2 Tóquio’18)
Inoue, Hiroto 2:06:53 (#5 Tóquio’18)
Kiname, Ryo 2:08:07 (#7 Tóquio’18)
Miyakawa, Chihiro 2:08:44 (#8 Tóquio’18)
Yamamoto, Kenji 2:08:46 (#9 Tóquio’18)
Sato, Yuki 2:08:57 (#10 Tóquio’18)
*NOVO Recorde nacional masculino
Yuta Shitara na Maratona de Tóquio 2018
Top 10 Feminino
Matsuda, Mizuki 2:22:23 (#5 Berlim’18)
Maeda, Honami 2:25:23 (#7 Berlim’18)
Uehara, Miyuki 2:25:46 (#9 Berlim’18)
Ohara, Rei 2:27:29 (#10 Berlim’18)
Yoshitomi, Hiroko 2:30:15 (#6 Tóquio)
Nakano, Madoka 2:31:40 (#7 Tóquio)
Uesugi, Mao 2:31:32 (#8 Tóquio)
Imada, Marie 2:31:59 (#9 Tóquio)
Mizuki Matsuda, bons resultados em Berlim
O Japão tem chances consideráveis de colocar seus atletas dentro do top 10 da Maratona Olímpica.
Elenco de atletas esforçados e talentosos não vai faltar.
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