Como não guardar o evento de Porto Alegre de 2018 na memória?
Definitivamente foi a prova mais marcante para mim por todas as imprevisibilidades e expectativas de “prova perfeita”.
Comemoração com Medalha 3D temática (formato de Chimarrão)
Quando as coisas não saem como planejado
Iniciei meu planejamento por volta de agosto, colocando como meta o tão esperado sub 3h nos 42,195 km depois de uma série de câimbras da Maratona de Chicago em 2017.
Minha decisão era escolher uma maratona plana e glacial para favorecer tempos baixos, a ser feita em solo brasileiro para evitar problemas de desidratação… Não podia dar errado, vinha de um ano sem lesão.
Eu estava achando minha recuperação tão eficiente e me sentindo tanto a Mulher maravilha que forcei reduções de ritmo nos treinos muito mais cedo do que deveria.
E lá veio ELA, a Canelite, chamo ela com letra maiúscula pelo respeito por ter ficado do meu lado do Carnaval ao feriado de Tiradentes, não me abandonou e ficou incessantemente ao meu lado treino a treino.
Tanto é que início de maio, faltando um mês, desisti dos 42k e mirei nos 21 km honestos, em que você vai pra completar, como já dizia minha amiga Dani: “passagem comprada, inscrição feita”.
De repente, em Porto Alegre
O tempo passou tão rápido até chegar em Porto Alegre, que quando me dei conta estava num “uber” buscando cada amiga num endereço como se fosse aqueles ônibus escolares com o tio da perua apanhando as crianças.
Do quarteto (eu, Dani, Ju e Mi), cada uma lidava com as fatalidades da vida de corredor (lesão, gripe, desânimo dos treinos longos, falta de tempo, etc.) de uma maneira própria, mas foi nessa combinação bem variada e muitas com risadas, reclamações, desabafos que tudo ficou mais leve e divertido.
Já havia o prenúncio de temporal rolando em todos os cantos da cidade…
Falavam de vento, chuva, umidade na casa do chapéu. A gente fugiu para o sul do país para conseguir temperaturas abaixo de 15C e as chuvas com temperaturas mais elevadas indo ao nosso encontro.
Pelo menos o “tempo louco” tinha função de receber a culpa exclusiva no desempenho abaixo do esperado rsrsrs e enriquecer o argumento que 2018 era o ano para se esquecer na corrida.
Na expo com a mulherada
Com o ídolo
A Expo do evento não foi surpresa, esperava ver mais stands.
Fui com uma lista (sempre infinita) de necessidades de consumo e fui embora de mãos vazias.
A grife do evento não tinha uma camiseta diferenciada como souvenir e no primeiro dia, faltava variedade.
A parte mais bacana foi encontrar o Ronaldo da Costa, ex- recordista mundial de maratona (Berlim 1998 – 2h06min05s) e ainda um dos maiores nomes de longa distância no Brasil.
Muito simpático, tirou várias fotos e contei a ele que nos seguimos mutuamente no Instagram – inclusive ele curtiu meu post da Maratona de São Paulo 2016.
A Largada
No dia da prova, a previsão do tempo se confirmou como nunca visto antes…
Ainda bem que compramos umas capas de chuva no centro de Porto Alegre. A legging e luvas compradas permaneceram no hotel.
Tudo pronto para a prova
O espaço da prova foi distribuído no estacionamento Barra Shopping, tendas de assessoria de um lado, banheiros químicos, guarda-volumes e lá do outro lado a largada (bem do outro lado mesmo).
Não havia pórticos de largada como de costume, foi usada a entrada de carros para acomodar os atletas indo para Meia e outro para Maratona.
Eu já tinha dado um jeito de enfiar pé na poça para deixar o LunarEpic inundado com água, fazendo barulho a cada pisada.
Tentativa de split negativo
Comecei regulando meu ritmo pensando “5:50”, “5;50 até 10K”, “não se arrebente”. Ouvia o barulho da capa de chuva balançando com vento e chacoalhando com minha exagerada rotação de tronco.
Ouvia corredores falarem de tempos em tempos “tartaruga”, na primeira vez achei que alguém se referia a mim rsrsrs, depois fui notar que eram os obstáculos no chão mesmo e se tratava apenas de uma cortesia aos desavisados.
Consegui por uns km não olhar tanto para meu Garmin, apesar de adorar espiar. Pegamos a subida mais forte da prova entre km 5 e 6. Depois olhando no meu Garmin Connect percebi 4 sobes-e-desces (não estudei antecipadamente a altimetria desta prova).
A chuva com vento voltou no km 7,5 e nessa hora, não tinha nenhum corredor que pudesse me servir de escudo ou grupo que pudesse fazer aquela formação em flecha como no Breaking2 para diminuir o arrasto, me proteger das intempéries.
No km 11 era o momento de avançar para uma redução substancial de ritmo, o objetivo era manter uns 5:30 na segunda metade terminando num glorioso 1:58:59.
Forcei e senti minhas articulações e músculos débeis, a reação foi para 5:41 que seguiu variando até 5:55. Não era o dia para brilhar, na verdade praticamente todos os treinos são bem normais, satisfatórios e já apontam o resultado a ser atingido na prova.
Apenas na exceção da exceção, em que a “expectativa” se aproxima da “realidade”.
Reta final
Quando se atinge o km 18, tenho sempre duas certezas, uma é que vou terminar a prova (não vou me permitir desistir faltando 3km) e a segunda, é que são os quilômetros mais longos da prova.
A linha de chegada parece até se afastar, o cronômetro acelerou ultrapassando a marca de 2 horas.
Não julguei como ruim meu tempo de prova, claro que desejava um 1:59:59.9999 ou qualquer tempo inferior. Porém, sabia que o tempo alcançado era bem coerente com todas as entregas passadas.
Vista linda do guaíba ao pôr do Sol, bem diferente do visual nebuloso da prova
Decidi adotar outra postura e agradecer…
Agradeci ao meu intestino por funcionar direitinho e me dar uma trégua durante a prova.
Agradeci a minha panturrilha por sobreviver sem sinais de canelite.
Agradeci a mim mesmo por não pirar na prova em loopings de controle de ritmo e aprender a lidar com o que vem pela frente, sem julgamento do que já foi.
Conclusões finais…Vale a pena se inscrever?
Sim.
Em resumo, é uma prova muito boa a se considerar mesmo ainda não tendo a organização mais preparada, o staff é bem educado e disposto a te ajudar.
A indicação aos atletas no ponto em que os percursos de 21 e 42k se diferenciam foi bem sucedida e a vista do Guaíba, estádio Beira Rio e outros cartões postais embelezam o percurso.
Tem pontos a se melhorar como sinalização do trânsito do percurso da maratona (atletas concorrendo com carros na cidade), a (bem confusa) fila para mudar o número de peito e difícil acesso dos táxis/uber ao shopping para buscar os atletas após a prova.
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