No mês de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher para celebrar as conquistas das mulheres e para continuar avançando na igualdade entre os gêneros.
No atletismo, o progresso da participação das mulheres e reconhecimento à performance feminina no atletismo foi notório ao longo das décadas, partindo do final da década de 60 em que a participação das mulheres era proibida; passando pela década de 80 que os eventos de maratonas começam a premiar igualmente as mulheres e homens; por fim, nos tempos atuais, mulheres competem nos mesmos eventos que os homens e em sua maioria, são igualmente premiadas.
Premiação dos atletas por gênero
Desde o mundial de atletismo de 1993, foram niveladas as premiações entre os gêneros. O atletismo apresenta mais igualdade de gênero no que se refere a premiações do que o Tênis, Golfe e Futebol, por exemplo. Veja abaixo um gráfico publicado pela BBC Sport mostrando em qual ano alguns eventos passaram a premiar igualitariamente:
Esta realidade foi construída ao longo do tempo e muitas atletas já foram afetadas pela decisão de organizadores de provas em diferenciar o bônus às atletas.
A atleta britânica Paula Radcliffe, recordista em maratona feminina, aos 16 anos competiu e ganhou uma prova de corrida de rua e no momento da premiação se viu afetada pela diferença dos prêmios entre homens e mulheres: primeiro colocado ganhou uma televisão e ela, uma luminária!
Outro exemplo mais recente de 2017 foi divulgado nas redes sociais quando publicaram foto da ganhadora da Maratona de Bruxelas com cheque de 300 mil enquanto o ganhador tinha em mãos um cheque declarado de 1000 euros.
A Maratona de Seul (Coréia do Sul), no evento deste ano, diferencia o pagamento do bônus por quebra de recorde sendo a premiação feminina de 30 a 50% inferior ao valor pago para as diversas categorias como por exemplo o recorde mundial (500 mil para masculino e 300 mil feminino).
Já no Tênis, em março de 2016, o CEO do torneio de Indian Wells fez um infeliz declaração dizendo que as atletas femininas deveriam se ajoelhar e agradecer que Roger Federer e Rafael Nadal nasceram, atribuindo exclusivamente aos dois o desenvolvimento do esporte e sucesso das mulheres. Este episódio lhe custou o cargo. Novak Djokovic também se incluiu na polêmica sugerindo que os jogos masculinos atraem mais público justificando maior premiação.
Maratona de Boston – Quando era proibida a participação feminina
Katherine Switzer foi a primeira mulher a terminar a Maratona de Boston em 1967 quando era proibida a participação feminina. Ela se registrou como K. V. Switzer tentando esconder seu corpo com roupas mais folgadas e conseguiu passar despercebida por cerca de 3 km.
Na imagem abaixo, um oficial da prova tentar empurrá-la para fora do percurso e retirar seu número de peito, enquanto atletas ao redor lutam para protegê-la.
Atleta foi desclassificada e ouviu de jornalistas na linha de chegada que mulheres de verdade não correm. Divulgava-se na época que a corrida era perigosa para mulheres e poderia impedi-las de ter filhos ou até mesmo sobreviver as exigências físicas desta distância.
Em 2017, Katherine participou da maratona de Boston com o mesmo número celebrando os 50 anos deste feito histórico. Hoje inspira mulheres no mundo todo e diz que da sua experiência de 46 anos na corrida, esta última participação em Boston foi a melhor de todas.
Realidade Brasileira – Principais eventos com premiação igual
No Brasil, os principais eventos de corrida de rua pagam mesmos valores em prêmios aos campeões e é mais difícil encontrar algum evento que paguem maiores bônus aos homens ou premiem quantidades maiores de atletas deste gênero.
A atleta Lucélia Peres sempre foi resistente a participar de eventos cujos organizadores permitiam essa diferenciação, defende o fato que as mulheres treinam e percorrem a mesma distância da prova do que os homens, então qual a justificativa para pagar menos às mulheres? Ela foi a última brasileira a ganhar a São Silvestre em 2006.
Em eventos como o circuito de meias da Asics e Run Cities, os atletas mais bem classificados ganham uma medalha adicional de top 100 (homens) ou top 20 (mulheres). Isso ocorre desde quando o circuito recebia o nome de Asics Golden Four. Com relação ao top feminino ser reduzido em relação ao masculino, muito se atribui ao fato que, no Brasil, a participação masculina ainda supera a feminina principalmente nas longas distâncias de 21 e 42km.
A tendência é a participação feminina se expandir na corrida de rua como observado nos Estados Unidos em que as mulheres são a maioria em praticamente todos os eventos do 5 até 21 km. Na Meia Maratona da Caixa do Rio de Janeiro 2017, foi observado um equilíbrio entre homens e mulheres inscritos. Desta maneira, se faz necessária a discussão e uma ampliação na quantidade de atletas femininas no top finishers.
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