Para mim o deserto sempre foi um mistério, muito em função do mito de ser local sem vida, exceto nos oásis.
Em 2012 quando tomei conhecimento da corrida no Atacama fiquei fascinada e pensava: um dia eu irei.
Eis que o dia da viagem chegou depois de um ano tumultuado como corredora.
O período de treino foi muito curto, não cheguei a fazer os longões necessários para uma maratona e nem adaptação ao tênis e palmilha.
As expectativas quanto à prova só foram sanadas quando cheguei ao deserto e senti os efeitos da altitude e temperatura.
Primeira impressão do local?
Êxtase, surpresa e choque com tamanha imensidão do nada e ao mesmo tempo do tudo.
Dualidade que encanta o olhar de qualquer ser.
Chegamos com antecedência para nos aclimatarmos e conhecer o deserto.
Decisão certa pois fizemos passeios a 4800m de altitude e não passei mal e nem tive dificuldade em respirar.
Na primeira fase senti que não teria problemas de respiração durante a corrida.
Durante a entrega dos kits a organização fez um briefing sobre o percurso e informações necessárias para que não ocorresse nenhum problema durante a prova.
A terceira expectativa viria ao longo da prova, meu joelho corresponderia aos comandos de minha mente?
Dada a primeira largada, subida em asfalto, nem deu para aquecer com trote leve, depois, longo percurso plano e muitas pessoas correndo juntas.
No 6°Km foi feito a separação para quem faria os 23kms. Eu já tinha decidido que faria os 42kms, meu joelho estava pronto para o que viesse.
Meu amigo, se sentindo bem, decidiu me acompanhar, ter um companheiro é sempre bom para estar do meu lado durante o percursso.
A partir do 10km, não tinha mais asfalto, trilhas entre montanhas de sal, subidas e descidas em dunas, falésias coloridas, formações rochosas e vales com areia fofa.
Quando pensei que havia vencido todas as dunas eis que no 32°km surge à maior delas onde dava um passo à frente e dois para trás,enfim, resistência é que não me faltou e ao vencê-la me senti na linha de chegada.
Dali em diante tudo ficou mais fácil.
No posto de hidratação 39km grande surpresa: minha filha Brisa aguardava-me com um cartaz cheio de corações e escrito “VAI MAMÃE FALTA POUCO”, sinceramente aquilo foi mais que tomar adrenalina na veia, nem sei se isto existe.
Minha preocupação era se Fernandinho estaria bem porque eu o deixei por insistência dele pouco antes do 39km com câimbra, logo pedi a Brisa que fosse encontrar com ele e acompanhá-lo já que ela estava de bike.
Daí em diante eu só queria completar os 42km, passando por um riacho mega gelado, finalizar o maior desafio já enfrentado e me sentindo totalmente inteira e sem nenhuma dor.
Completada a prova, encontro com amigos e aguardar Fernandinho para fotos e preparar para o almoço uma vez que a fome era intensa.
Durante o almoço eis que chega nosso amigo José Marcos com um troféu e me entrega dizendo que eu fiquei em primeiro lugar na categoria.
Fiquei perplexa e fizemos grande farra porque jamais imaginei que isto poderia acontecer, afinal fiz uma prova com inúmeras paradas pra tirar areia do pé e caminhamos bastante nos lugares inóspitos e, ainda ganhava um “baita troféu”, fala sério poderia ter prova melhor e com cenários inimagináveis.
3° FASE
A última fase era a pós-corrida uma vez que a viagem continuaria em Santiago.
Foi perfeita, sem dores e com muita disposição pra andar e fotografar tudo que fosse possível, como diria minha grande amiga Letícia: o cansaço é passageiro as fotos são para sempre.
Se alguém perguntar é recomendável fazer essa prova? SIM, porque são emoções inexplicáveis, lugares inesquecíveis, desafio que todo corredor tem de acrescentar no portfólio.
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Amiga Esmeire, viajar pelo mundo correndo com você (ou atrás de você) é tuuuuuuuuudo de bom!
Parabéns pela superação! Com tão pouco tempo e com tantas dificuldades depois de Boston, é incrível como você conseguiu, ainda mais no Deserto!
Que venha Ushuaia !! Tamo junto até no Fim do Mundoooooo!!!