Há que se entender, assumir e se orgulhar do papel belíssimo dos corredores ao ocupar ruas e praças em seus treinamentos diários.
Em uma cidade onde as calçadas são estreitas, esburacadas, não se vêem muita sombra, banheiro e bebedouro. Correr é quase um ato de resistência política – Os governantes não querem que eu esteja aqui, não tem nada na rua feito para mim, mas ainda sim faço questão de promover minha saúde através do espaço público.
Apesar de que, com as centenas de placas nas praças e parques: “não pise a grama”, “não deite no banco”, “não solte pipa”, “proibido jogar bola”, “proibido subir em árvores”, “proibido fazer piquenique”, naturalmente não sobrou muita coisa para fazer, a não ser correr de forma quase subversiva pelas ruas e avenidas.
Ao mesmo tempo em que a maioria das pessoas fica em casa impressionada com tanta violência publicada no Jornal Nacional, os corredores estão pela cidade, existindo, conversando, vendo-se, ocupando, tomando vento, enfrentando a falta de estrutura urbana, criminalidade e buracos sem fim.
Enquanto a sociedade caminha para desterritorialização (deixando de ir a algum lugar para “logar”em algum lugar), nós corredores remamos contra e fazemos questão de percorrer distâncias, pisar em terra firme, ver, tocar e ser visto.
Humildes que somos, já ficamos extremamente felizes e satisfeitos quando um motorista respeita o PARE escrito em uma placa vermelha ou quando não encontramos nenhum veículo parado na faixa de pedestre durante o percurso improvisado de treinamento.
Mas isso vai passar…
Acreditando em meu lado otimista, no futuro nossos prefeitos irão abandonar essa política direcionada ao uso de automóvel, alargamento de avenidas e soterramento de rios. E (por seleção natural da espécie) apostar de forma maciça na sustentabilidade, saúde e qualidade de vida dos verdadeiros donos da cidade, o POVO.
Na lembrança vai ficar apenas a fala dos nossos netos orgulhosos, querendo impressionar seus colegas: “Meu avô era um grande corredor, treinava no meio da rua junto dos carros!”
Vamos Treinar?
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Caro Iuri, antes de ler o seu artigo imaginei algo um pouco diferente, porém tão importante quanto o que você escreveu.Comento com as pessoas, da responsabilidade com o meio ambiente, pelos organizadores e corredores nas corridas de rua. Por exemplo: na prova da Adidas percebe-se claramente esta preocupação. Pessoal de apoio, o tempo todo recolhendo lixo e corredores, procurando manter o local sempre limpo. Resultado: se alguém passar pela nova praça da pamupulha após a corrida, dificilmente acreditará, que naquele local, estiveram mais ou menos 6.000 pessoas.(no mínimo)E acredito que este, também, é o papel do corredor de rua: valorizar… Read more »
Puxa Iuri, que categoria este post! Agora vc falou tudo!!!
Nós corredores da Cidade Nova e região lamentamos que a Av. José Candido esteja tão abandonada. Custaria muito pouco alargar a pista (pista?) de corrida ou fazer 2 mãos, pra que não houvesse uma disputa acirrada entre corredores, caminhantes e cães! Afinal são 6km de extensão que dariam um ótimo treino fartlek com subidas e descidas! E puxa vida, porque não fazem banheiros publicos nesta pracinha da Pampulha?!
Pelo menos a iluminação parece estar chegando na Lagoa. Valeu!!!
Leticia
Muito bom! Percebo que mudou o estilo, deixando a objetividade um pouco de lado e deixando o coração falar. Parabéns pela boa escolha do assunto e pela competência na sua abordagem.
Valeu, Iuri! Haja heroísmo nessa tarefa…
Excelente texto Iuri!
Reflete bem o espírito da maioria dos corredores, pelo menos, dos com quem convivemos.
Pena que nossos governantes e a grande maioria da população que os elegem não têm a corrida em suas vidas. Se tivessem, com certeza nossa cidade teria dezenas de parques, passeios sem buracos e bem iluminados, a orla da lagoa da pampulha não teria apenas um bebedouro funcionando…
Grande Treinador, Parceiro de treinos e Blogueiro,
Mais uma vez no ponto, parabéns!
Um comentário: algumas cidades mais avançadas dão preferência ao pedestre, com praças, ruas fechadas, ciclovias,…
Mesmo BH está trazendo mais otimismo, com a tentativa das ciclovias, e uma pracinha na subida da BR próxima ao escritório da BH RACE.
Abraço.
Cláudio.