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14/10/2019

Relato da Nagai: Maratona de Berlim

Maratona, Post da Nagai, Relatos, Roteiros e viagens

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A Maratona de Berlim é uma das Six Majors, que compreende seis maratonas com selo Ouro da IAAF (Federação Internacional de Atletismo). É uma prova excelente desde o estreante até o mais experiente atleta.

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Tentando manter uma frequência de em anos alternados correr fora do país (afinal não é barato), planejei Berlim dois anos depois de correr em Chicago. Fazendo um balanço geral, foi a minha melhor experiência de maratona desde o primeiro dia do ciclo de preparação até o evento em si. 

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Alguns aspectos me ajudaram bastante como, por exemplo, coincidir minha preparação com dos atletas de Buenos Aires, o que me motivou bastante nos treinos; percurso e organização favoráveis para uma boa prova; minha afinidade com país e cultura alemã; por fim já ter participado de outras maratonas.

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Listei 5 pontos, sendo estes positivos ou negativos, da minha participação em 29 de setembro 2019. 

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+1 Atrações com muita Torcida

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Ao longo de 42,195 km há muita torcida de locais, famílias, staffs que aplaudem e te chamam pelo nome. Alguns corredores estão fantasiados, caracterizados de cerveja ou de Portão de Brandemburgo. Vi até um atleta batendo duas bolas de basquete no trajeto. Independente da chuva na hora do almoço, a população não parecia se incomodar e você via crianças a vovozinhos, prova assistida pela família inteira.

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Além disso, havia bandas tocando música ao vivo (pop-rock alemão), baterias, orquestras e tambores que eram verdadeiras injeções de ânimo no percurso. Em momento algum, você se sente isolado ou com monotonia.

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Achei a torcida nessa prova mais autêntica e as palavras de incentivo mais sinceras do que em Chicago. Na Maratona de Chicago, muitas vezes sentia que o “Yeah, You can do it!” soava como uma mensagem motivacional forçada e nos km finais, já estava de saco cheio querendo mandar muita gente a M€®#@. 

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O que deu certo: 

  • Camiseta com a bandeira do Brasil te faz ser reconhecido no trajeto. 
  • Não usar fone de ouvido é excelente para curtir as atrações e se manter atento para não colidir com outros atletas.
  • Agradeça ao apoio acenando, mas economize suas energias.

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Próximo à chegada dos 42.195m, em frente ao Portão de Brandemburgo.

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+2 Receptividade da Cidade

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Mesmo com trânsito caótico mais o tempo chuvoso, não percebi uma postura negativa dos locais. 

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Fui abordada em cafeteria, na rua e em transporte público com pessoas interagindo para saber qual meu país de origem ou simplesmente para parabenizar quando viam a medalha no peito. Claro que ninguém aceitava de primeira uma pessoa com características nipônicas se declarar brasileira, então sempre acabava respondendo mais perguntas até a aceitação do meu “entrevistador”. 

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Outro ponto é que alemães são bem objetivos, então nosso hábito de bater papo, dar voltas e muitas vezes fazer perguntas vagas não funciona. Se souber ser claro no seu pedido ou dúvida, eles são muito solícitos. 

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O que deu certo: 

  • Saber inglês já te resolve praticamente tudo, melhor ainda se souber um pouco de alemão. 
  • Se esforçar para comunicar na língua local é uma maneira de quebrar barreiras.

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Largada da Maratona de Berlim.

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+3 Percurso muito Plano

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Isso é bem notório, afinal são 11 recordes mundiais já batidos nesta prova e por 2s, o recorde mundial não foi quebrado este ano. Kenenisa Bekele (Etiópia) correu apenas dois segundos acima do recorde mundial de Kipchoge .

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A prova tem Pacers para os atletas de elite geralmente até km 25-30 e os amadores são acompanhados até o final. Os Pacers correm com uma bandeira indicando tempo previsto de conclusão. A Presença de pacers e baixa altimetria são pontos positivos para um prova veloz.

Berlim é sempre tão desejada que esse ano foram 46983 atletas e uma canadense foi a atleta número 1 milhão a concluir a prova. 

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A chuva e vento se intensificaram próximo da hora do almoço. Então atletas de elite e amadores velozes largando na primeira onda próximos de 9:30, enfrentaram uma chuva mais fraca. Os demais atletas, como eu, acabaram correndo uns 25 de 42 km sob chuva e vento. Depois de uns 15 km de prova já sentia meu pé e camiseta encharcados de água além de ser abraçada por uma “refrescante” ventania. 

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Independente de condições adversas, é um percurso muito bacana que te permite turistar correndo por diversos pontos e referências da cidade. 

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O que deu certo: 

  • Não sofrer com previsão do tempo dias antes.
  • Não estressar com tumulto principalmente nos pontos de hidratação. 
  • Usar uma blusa de frio para tirar somente na largada e deixá-la para doação (evita que passe muito frio quando temperatura está mais baixa). 

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Kenenisa Bekele, ao centro, venceu a edição de 2019 com o tempo 2h01min41s.

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-1 Caos no Transporte público

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O percurso cerca boa parte da cidade no Sábado e Domingo de prova, gerando um trânsito anormal e a oferta de táxi/uber não comporta a demanda. 

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Quem planeja usar o transporte público no período, precisa pesquisar o itinerário para aquela janela de horário, pois trens de superfície, ônibus, etc. não vão circular pela região que compreende o percurso da prova. 

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Até 2h antes da largada e 1h depois do término do evento, o transporte funciona regularmente e é possível se deslocar sem dificuldade.

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Como boa parte dos atletas retorna na segunda-feira, agendar táxi/uber para aeroporto no dia anterior é uma boa escolha para evitar esperas de no mínimo meia-hora por indisponibilidade. Há também uma linha de ônibus do aeroporto Tegel a Berlin. 

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Como resolver/amenizar: 

  • Hospedagem próximos de estações da S-Bahn (trem) ou U-Bahn (metrô)
  • Estudar o itinerário, suas rotas alternativas
  • Usar um chip pré-pago para traçar rotas/comunicar-se (custa entre 10 e 15euros, 2 GB, com duração em toda a Europa por 3-4 semanas).  

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Centro de Berlim tomado por patinadores no sábado que antecede a maratona.

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-2 Fila para tudo

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Não se esqueça que a cidade no final de semana recebe cerca de 60 mil atletas mais seus respectivos acompanhantes, então para todos os lados vai ter uma pessoa com a pulseira do evento, relógio com GPS e tênis de corrida! 

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A retirada de kit da Maratona de Berlim tem muitas etapas e por vezes é confusa. Você ingressa no antigo Aeroporto da cidade e passa pelo primeiro controle com QR code do seu Starpass (comprovante de inscrição), recebe a pulseira que vai usá-la até após maratona.

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Depois, uma fila básica até chegar a área de retirada de kit exclusiva para os inscritos (“estacione” ou libere seu acompanhante na expo, pois vai demorar…). Você opta por uma das filas para retirar número de peito e chip. Tenha sorte de não pegar uma fila em que o atendente faz uma pausa para o cigarro de 20 minutos (tive essa infelicidade).

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Nesse espaço, você pode mudar seu pelotão de largada caso tenha interesse. Depois há mais uma fila se você pagou antecipado a camiseta do evento, tênis do evento ou demais itens da coleção da maratona. 

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Todos esses inúmeros controles duraram 1h30min!

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Acrescente mais uns minutos para a loucura que é rodar pelo stand da Adidas e caçar as peças da coleção no seu tamanho, fila para pagar, fila para tirar foto no pódio, fila dos food trucks, fila da cerveja…

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Como resolver/amenizar:

  • Reserva do jantar de massa com antecedência (não fazer na semana da prova) ou chegar mais cedo possível no restaurante até 18h
  • Sapatos confortáveis sempre e retirada de kit na quinta ou sexta para recuperar as pernas até a Prova. Se for retirar kit no último dia e deseja comprar os itens da coleção da Maratona, melhor adquirir no momento da inscrição, sendo que tamanhos P feminino e M masculino podem esgotar.

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Chuva e ventos fortes ao longo da prova.

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Para quem se sentir animado(a) a participar, o evento de 27 de Setembro de  2020 está com a inscrição para o sorteio abertas até 31 de outubro e por agências de turismo/instituições de caridade até 11 de novembro deste ano.

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