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Coelho é um corredor contratado oficialmente pela organização ou (não-oficialmente) por um atleta competidor, para ditar o ritmo de prova e também para minimizar o arraste decorrente da resistência do vento, permitindo uma economia de energia de quem de trás.
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Organizações de provas costumam pagar para os Coelhos – também conhecidos como Pacemakers, Pacesetters ou Rabbits – para contribuírem com uma prova mais veloz com potencial quebra de recorde mundial.
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Assim se evita provas excessivamente táticas e conservadoras, ou seja, mais lentas e menos interessantes ao público.
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Estes atletas na maioria das vezes são convidados e recebem cachê, que pode ser de US$ 1.000 por exemplo.
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Na transmissão de eventos de atletismo, os pacers estão uniformizados e identificados no número de peito.
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Por regra é exigido que cumpram uma distância que pode ser de 21, 25 ou alguns casos 28 km em provas com distância de 42,195 km (maratona).
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Em provas em pista de atletismo, os pacers largam na frente, acompanham nas primeiras voltas e no final, é possível ver eles se retirarem da prova.
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Após o congresso técnico de uma maratona, realizado apenas com atletas de elite, os próprios atletas solicitam que os coelhos puxem a prova para terminar a primeira metade (21k) em por exemplo, 61 minutos ou 60 minutos como Kipchoge pediu em Berlim.
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Ainda há muita discussão sobre o benefício citado de economia de energia, mas o fato é que no Nike Breaking2, Kipchoge correu todo tempo “protegido” numa formação de pacers para justamente diminuir a resistência gerada pelos ventos.
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As organizações das provas são favoráveis ao uso de Coelhos?
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Algumas organizações julgam que é de competência do atleta a estratégia de ritmo de prova e que os atletas acabam seguindo os Pacers para tentativa de recorde sem focar no objetivo de vitória.
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Outras contratam os Pacers para garantir provas velozes e assim conseguirem televisionar um evento interessante ao público.
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A maratona de Londres voltou a permitir pacer homens para puxar a elite feminina e estimular um quebra de recorde.
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Exemplos de eventos com e sem Pacers:
- Maratonas com pacers: Londres, Berlim, Chicago, etc.
- Maratonas sem pacers: Boston, Nova York, Olimpíadas, Mundial de atletismo, etc.
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Pacers femininos em maratonas “women’s only”
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A britânica Paula Radcliffe detém o recorde mundial em maratona de 2:15:25 (Londres 2003) numa era em que as atletas podiam ser acompanhadas por “coelhos homens”.
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Hoje, a detentora do recorde de prova somente com mulheres como Pacers é Mary Keitany com 2:17:01 (Londres 2017).
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A Federação internacional de atletismo (IAAF) declarou em 2011 que recordes femininos só seriam considerados se conquistados em provas exclusivamente de mulheres, ou seja, sem contribuição de homens para puxar o ritmo.
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Esta regra gerou controvérsia por ser definida uma retroatividade na aplicação desta e por opiniões divergentes da contribuição dos homens, que poderia gerar um ambiente artificial.
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Após contestação de Paula, o título de recorde lhe foi novamente atribuído, porém hoje são válidos os dois recordes.
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Vitórias de Coelhos
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Alguns casos de eventos em que o Coelho não se retirou da prova e venceu!
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– Reims Marathon em 1994
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Coelho: Vanderlei Cordeiro de Lima, Maratona em 2:11:06 (depoimentos do atleta indicam que a vitória foi por uma larga vantagem)
Nota: Estreia do atleta na distância, era previsto que ele permanecesse até metade da prova
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Vanderlei ganhou inesperadamente como coelho sua primeira maratona, chegando neste momento de maior projeção ao ser agarrado pelo padre irlandês (Olimpíadas de Atenas)
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– Los Angeles Marathon em 1994
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Coelho: Paul Pilkington, Maratona em 2:12:13 (39” a frente de Luca Barzaghi da Itália). Prêmio de US$ 6.000*
*US$ 3.000 (cachê para pacer) e 3.000 (vitória)
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Nota: Luca celebrou sua chegada pensando que era o vencedor, não viu Paul, tamanha era a distância entre eles. Após a prova, ele acusou a organização da prova de informar que o coelho sairia no km 25.
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– Berlin Marathon em 2000
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Coelho: Simon Biwott, Maratona em 2:07:42
Nota: O favorito Fabián Roncero abandonou esta prova por lesão muscular.
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– Pittsburgh Marathon em 2011
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Coelho: Jeffrey Eggleston (26 anos, EUA), Maratona em 2:16:40 (29” à frente de David Rutoh do Quênia). Prêmio total de US$ 9.000**
**US$ 1.000 (cachê para pacer), 6.500 (vitória), 1.500 (qualificação para Olimpíadas)
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– Olomouc Half Marathon em 2014
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Coelho: Geoffrey Ronoh, Meia maratona em 1:00:17 (8” à frente de Wilson Kipsang do Quênia). Prêmio total de €4000 (vitória e sub 1:01)
Nota: É o Companheiro de treino de Kipsang
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Vida de Coelho
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Ser Coelho em uma prova se justifica principalmente pela recompensa paga pelos organizadores, que pode ser superior ao prêmio do atleta que termina entre os 10 primeiros.
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Os diretores de prova sabem o quanto é difícil encontrar Coelhos no nível requerido para puxar uma maratona com elenco de atletas em alto nível até 25 km.
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Maratonistas de elite que correm sub 2h05min fazem os primeiros 21km na base de 1h01-1h04.
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Em algumas maratonas, os Coelhos abandonam a prova antes da distância combinada (fazendo 15 km apenas, ao invés de 25 km) ou não são capazes de manter o ritmo acordado, chegando a levar bronca de atletas como Kipchoge ou Mo Farah.
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Obviamente como atleta que ama o esporte, que pratica e sente que está muito bem no dia, é muito difícil ditar o ritmo e abandonar o evento.
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Tanto é que citamos alguns casos de coelhos que vencem a prova como Vanderlei Cordeiro, que vendo que estava bem e pensando na logística para retornar ao hotel, decide se manter até o final da maratona de Reims.
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Neste último caso, ser coelho permitiu que o atleta descobrisse a distância para qual tinha mais potencial.
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Em outros casos, ser coelho é ser um coadjuvante na conquista de outros atletas e com risco ainda de ser responsabilizado por um desempenho abaixo do esperado pelo corredor principal.
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