Minhas impressões sobre Fisioterapia mudaram ao longo da minha trajetória esportiva em dois principais momentos – quando iniciei na corrida e quando tive bursite no quadril. Incrível como nossas opiniões podem mudar drasticamente…
Quem conserta o que já está muito comprometido.
O fisioterapeuta para mim era quem, por exemplo, reposicionaria a rótula do Ronaldo Fenômeno e trataria do atleta através de exercícios ou acompanharia o Guga na recuperação da cirurgia do quadril. Para os não-atletas (sedentários e amadores, naquela época nunca me rotularia como atleta), os pacientes alvos seriam os que sofreram derrame ou algum acidente que precisavam de tratamento fisioterápico.
Ou seja, o Fisioterapeuta seria o “executor” ou “mão na massa” atuando depois que o médico fizesse diagnóstico, cirurgia ou o que fosse necessário. Era só pra quem já estava com sua mobilidade bem comprometida e eu achava um serviço inacessível para “gente como a gente”.
Próximo nível de formação após a educação física.
Quando iniciei na corrida, logo rolou a paixão pelo esporte… Fiquei o primeiro ano em provas de 5 e 10km, a recuperação era tranquila e dores duravam bem menos de 24 horas.
Tudo muito parecido com a dor quando você muda de ficha na musculação ou inicia uma aula nova na academia, que já frequentava há uns 12 anos.
Somente em academias de alto nível que eu era atendida por um fisioterapeuta na avaliação física.
Além de tudo que já pensava a respeito deste profissional, para mim, o fisioterapeuta era um profissional de educação física que entendia mais de anatomia, mas não montava ficha de academia ou dava aula de spinning. Fisioterapia seria um segundo passo numa formação, uma pós graduação para o bacharel em educação física.
Investimento somente para elite e amadores veteranos?
Nas resenhas no ponto de apoio da BHRace ou na tenda após prova, só escutava os veteranos meia-maratonistas falarem de sessões de fisioterapia. Meu pensamento era “isso que é se dedicar a um esporte”, “só elite deve fazer uma sessão de fisioterapia toda semana”, “nódulo na bunda, sério?”.
Não achava que precisava pagar por isso, afinal acumulava semanalmente uns 25km sem lamentações de dores.
Transitando para a meia maratona foi algo assustador e já completava uns 30 km semanais. As dores passaram a ser moderadas e algumas vezes durava mais de 24 horas.
Eu reconhecia o desconforto nos treinos, mas achava que tinha que seguir em frente cumprindo a planilha no menor tempo possível e não fazia nada pós treino.
Conheci os “meninos da Fibra” em função de consulta marcada por queixas de dores na lateral do joelho. Uma das coisas que mais me marcou foi ouvir que a partir de 30-35km semanais seus riscos de lesão aumentavam consideravelmente.
É isso mesmo produção? Só isso de quilometragem pra alguém entrar num grupo de risco?!
Nunca me imaginei como atleta amadora, pensava que morreria praticando atividade física sem nem tomar conhecimento de uma lesão. Não tenho talento e nem ganho pra isso como um Bolt, que performava em alto nível e logo, tinha um notório histórico de lesões.
Sessões de torturas, mas, depois, o paraíso…
No ciclo para VIP 2015, não completei o simulado da BHRace, quebrei e sentia uma dor que irradiava de um ponto na minha panturrilha.
Investi numa primeira sessão de fisioterapia e descobri o EPI (tratamento com agulhas e aplicação de corrente). Sim, muito dolorido pra liberar os nódulos na panturrilha; porém, eficiente e durava poucos segundos.
No dia seguinte, andava como uma pata e o segundo dia, era como um reset na perna (o paraíso). Era como se tivesse ganhado asas no pé pela leveza nas pernas. Paixão ao primeiro choque.
Fisioterapeuta também passou a ser o cara para desatar nódulos da panturrilha (meu ponto fraco até hoje), mas precisava ser um nódulo gigante e muito dolorido pra justificar a sessão. Ainda tinha aquela visão que precisava ser a mulher maravilha na corrida e suportar as maiores dores para chegar à “perfeição”.
A minha primeira maratona veio e eu, teimosamente nem quis pensar muito em fisioterapia nos quase 5 meses de ciclo de treinamento. Achava melhor não estressar a musculatura dolorida, deixar que o corpo aprendesse a recuperar naturalmente.
Depois da maratona voltei à sessão de fisioterapia e fui surpreendida pela quantidade e tamanho dos nódulos na panturrilha. Como demorei a retornar, foi uma experiência muito dolorida, paguei todos os pecados de uma vida lá.
Corrida e riscos de lesões.
A corrida me mostra a cada dia que não existe limites para a intensidade das dores e elas surgem em qualquer parte do seu corpo, nas preparações mais triviais como a VIP.
Eis que tive uma bursite no quadril, que inicialmente foi amplificada para o impacto femoroacetubular pelo ortopedista terrorista que me atendeu e errou feio no diagnóstico. Fiquei indignada de ser lançada a suspeita que eu teria o mesmo quadro do Guga, justo o maior tenista brasileiro de todos os tempos. Alguns médicos simplesmente acabam por desestimular a prática esportiva…
Num aspecto tenho de admitir que concordo com este médico sobre os riscos da corrida, pois quando comecei a pesquisar sobre lesões no esporte, vi que a corrida era das mais terríveis pelo impacto e esforço repetitivo.
Junto com tênis e futebol formam um top 3 dos esportes que mais expõem à lesão (isso com base nas horas que gastei lendo a respeito, nada cientificamente comprovado).
Foram 2-3 semanas sem corrida e 10 sessões com fisioterapeuta pra tratar da bursite que me causava dores agudas na virilha e tirava mobilidade. Fui muito feliz em optar por investir num tratamento individual sem fazer fisioterapia dividindo o profissional com outros alunos.
A recuperação foi rápida e os resultados duradouros, pois estou a exatamente um ano sem lesões e nem vagas lembranças da bursite no quadril.
Visão do fisioterapeuta após a primeira lesão.
Minha lição disso é que precisamos explorar todas as ferramentas que nos permitem correr com longevidade – fisioterapia, fortalecimento, descanso junto com um planilha de treinos adequada com relação a intensidade, volume, etc.
Afinal repetindo o que já ouvi inúmeras vezes, o fato de ser atleta não nos impede de lesionar. Porém, o atleta dedicado a estes aspectos mencionados fica menos tempo lesionado.
Geralmente este profissional é um poeta e fala bonito com todas aquelas palavras trava-línguas para denominar, por exemplo, músculos da “batata-da-perna”ou da “bunda”.
Ao mesmo tempo, tem didática para te fazer entender que precisa fortalecer seu glúteo médio e ativá-lo por ficar o dia todo no escritório sentado trabalhando ou traduzir meus resultados de análise de marcha, que mais parecem um jogo dos sete erros.
Sempre são muito produtivas as discussões e quando atribuem quais exercícios para melhorar minhas fraquezas, daí todo aquele palavreado faz bastante sentido. Existe muita lógica.
Só fico impaciente quando falam que as causas de lesões são multifatoriais…não podemos atribuir apenas uma causa raiz para lesão? Outra máxima que me intriga é “mulheres são mais propícias a lesão pela anatomia do quadril”… no dia-a-dia e na assessoria não vejo essa tendência tão evidente.
Minha impressão final do fisioterapeuta é um cara para jogar no seu time, que você vai vê-lo antes que a lesão se instale.
Você ganha mais qualidade na sua corrida quando encaixa sessões de fisioterapia ao longo de um ciclo de treinamento, por exemplo após o seu treino longo “mais longo” ou na semana pré-competição.
Para continuar saudável por muito tempo, pretendo aumentar frequência de sessões, investir em meios para tornar uma atleta mais forte para suportar uma carga de treinos pesada em 2018 e futuramente bater o recorde anterior de 2 anos e 8 meses sem lesão.
Aqui na BHRace, indicamos todos nossos atletas a fazerem um acompanhamento multidisciplinar com a FIBRA Treinamento e Performance, uma clínica de primeira. Para conhecer mais sobre estas possibilidades, clique aqui.
Aproveita e nos conte nos comentários o que acha sobre acompanhamento com fisioterapuetas para corredores amadores!
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