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14/12/2012

Encontre sua resposta – Rudolf Fonseca

Relatos

Vou começar de trás para a frente.

Já estava para além de satisfeito com os cinco, ou seis, copos de cerveja e, de certa forma, descansado. A satisfação de concluir mais uma “Volta Internacional da Pampulha” foi grande, mais uma vez. Rever os amigos, engajados no mesmo desafio, trouxe devolta o sentimento de pertencer à algo. A medalha no peito materializa o feito. E a conquista desse metal, que mais representa do que pesa, é resultado de uma opção de vida e não apenas de uma corrida – que no caso da Pampulha, teve bons desafios. Cruzar a linha de chegada é o ato final, e definitivo, na batalha entre todos os seus “eus”, onde prevalece o melhor deles: o guerreiro – valente e disciplinado. Esse nosso lado, que se ressalta em uma prova, é o único capaz de enfrentar, ao final de 18 quilômetros, uma forte ladeira sob um calor extenuante.

É cerca de 7:15 da manhã e a movimentação é grande, pois, a largada será em 45 minutos. Muitas cores avivam o lugar – são as barracas das assessorias esportivas. Pontos verdes se agitam – são os atletas da BH Race. Nesse momento, temos o primeiro prazer das corridas: reencontrar amigos e ter neles companheiros de desafios. Bate-papo, uma bananinha, um isotônico… é hora de se posicionar na multidão. Será dada a largada. A saída de uma corrida é sempre uma festa. Ou você participa, ou se estressa. Melhor participar. Sotaques, mensagens, tipos – tudo se mistura. Você é parte disso. Nos primeiros quilômetros, faço o ajuste de rítimo. Ultrapasso corredores e sou ultrapassado – o importante é chegar. Também há tempo para ver a lagoa passar. Estranhamente, não vi as capivaras de sempre. Alguém sabe onde elas foram parar nesse dia? Opa! Ponto de hidratação! O calor é forte, embora o sol não apareça e, por isso, é bom pegar duas garrafas de água. Em uma, uns três goles e o resto no corpo. A segunda, toda no corpo. E assim é feito em todos os outros pontos, menos nos de isotônico. Nesses, só os goles mesmo [risos]. Também tem a recarga proporcionada por pequenos braços extendidos. São as crianças estabelecendo contato com um mundo que, espero, elas venham a fazer parte. Acreditem: elas fazem a corrida passar mais rápido. Se você nunca retribuiu esse toque de mãos, faça-o na próxima vez. Enfim, passa o parque ecológico (e nada de capivaras), passa nosso treinador, oferecendo aquele santo isotônico. Vê-se, finalmente, ao largo, o Mineirão. Está chegando o final, e com ele, a tal ladeira. Curva à esquerda, curva à direita… nesse momento lembro do colega de equipe falando: “suba a ladeira como se estivesse puxando uma corda”. Segui seu conselho. Mantive o rítmo forte até o final, o que me desgastou sobremaneira. E ao cruzar a linha de chegada, minha vontade foi de chorar – tamanho era o cansaço, agravado pela subida.

Se você nunca correu, deve se perguntar: “passar por isso a troco de quê? É muito mais confortável assistir à corrida no sofá de casa”. Aí eu lhe digo que, durante a corrida, também me faço a mesma pergunta. A diferença é que, correndo, encontrei a resposta: a troco das amizades, da superação e da qualidade de vida que se ganha ao correr.

Rudolf Fonseca – Dez / 2012

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Leonardo
Leonardo
11 anos atrás

Fantástico depoimento…Parabéns!!! me vejo nessas palavras!!

Anônimo
Anônimo
11 anos atrás

Só hoje vi seu relado Rudolf. Linndo demais! Você é um poeta! rsrs

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