Passada as Olímpiadas de Londres devo confessar que sinto um vazio enorme.
Não que o evento deixou a desejar, que os atletas brasileiros poderiam ter sido melhor ou que sinto falta dos noticiários esportivos.
Meu vazio pós-olímpico tem origem na visão limitada do esporte que a mídia apresenta de forma intensa em períodos de olimpíada. Uma valorização descabida da performance, onde atletas são vendidos como heróis nacionais em meio a uma verdaderia guerra sem armas, seguidas de discussões vazias sobre o quadro de medalhas e o que pode ser feito para termos mais campeões em uma próxima edição.
Como se a solução do Brasil fosse ter alguém correndo 100m abaixo de 9 segundos ou saltando com uma vara mais de 6 metros de altura.
Não precisamos de medalhistas olímpicos, precisamos é de pessoas praticando esportes em todos os níveis sociais e nos quatro cantos do nosso país. Não para trazer medalhas ou bater o recorde mundial, mas para termos uma nação beneficiada pelo o que de mais maravilhoso a prática esportiva pode oferecer.
Onde está o sentindo em construir um centro de treinamento moderno e equipado quando menos de 1/10 das escolas públicas do Brasil tem uma quadra poliesportiva digna? Para que direcionar as universidades de educação física para treinamento de alto rendimento quando a grande maioria dos formados irão trabalhar com atletas amadores que buscam a promoção da saúde?
Gastar milhões para produzir meia dúzia de super homens que nós darão o prazer de bater no peito e dizer que passamos de 21º no quadro de medalhas para 12º não tem o menor cabimento para mim.
A grande questão é que “performance” vende… E se vende, tem lugar cativo na mídia.
O desafio está em reconhecer sem ajuda de imagens a importância e a beleza do esporte praticado de forma amadora.
Que se dane Usain Bolt, bonito mesmo é ver minha vizinha dona Dalmira sair para caminhar com as amigas diariamente aos 82 anos de idade.
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Iuri, concordo 90% – ou como você prefere: “9/10” – com o que foi dito. A parte 1/10, em que de certa forma discordo, refere-se à relação comercial que o esporte tem com o público e com o atleta. Não esqueçamos que, para além de hábitos saudáveis, há pessoas que vivem da atividade esportiva e, consequentemente, a têm como profissão, meio de vida. E de forma muito peculiar, o atleta exerce sua atividade profissional sem que ele preste qualquer serviço especializado – uma vez que ele é usuário final de toda uma rede de serviços – e, muito menos, produz… Read more »
Obrigado pelo comentário Rudolf! De forma alguma sou contra o esporte praticado em alto nível, inclusive me coloco como consumidor desse produto. O que acho que devemos refletir é sobre a super valorização do alto rendimento, quando o que podemos conseguir com o esporte é muito mais do que somente medalhas… Adoro ver o Usain correr, mas fico com dona Dalmira.
Grande Iuri ! É por isso que tanto tenho orgulho de ser atleta BH RACE! Acabei de assistir a reportagem do Lance Amstrong banido do ciclismo por doping. Na busca desesperada pela vitória, os heróis não conseguem se “desgarrar” da fama. Não se importam em destruir a própria saúde para se manterem no pódio. Talvez, se o esporte profissional fosse apenas uma competição de seres humanos normais, meros mortais…talvez o doping não fosse quase a regra geral entre eles. Mas eles precisam parecer DEUSES ! A VAIDADE destrói atletas brilhantes . Quanto ao esporte amador, gostaria apenas de deixar aqui… Read more »
Obrigado pelo carinho Annette! Quero conhecer seu avó.
Forte abraço
P E R F E I T O Iuri, e o governo nem se toca que, equipando as escolas com quadras poliesportivas dignas estará iniciando a formação de futuros atletas.
Na minha época, em Antônio Dias, lá no início dos anos 80 eu já jogava futebol de salão, basquete e handebol, em uma quadra poliesportiva.
Enfrentávamos outras escolas de cidades vizinhas, como Itabira, João Monlevade, Coronel Fabriciano, Timóteo e Ipatinga.
Após ingressar na atividade de corrida de rua, vi que existem muitas outras Dona Dalmira, todas dignas de elogio e parabéns.
Isso mesmo Júlio! Imagina como você seria sem essa vivência esportiva durante a juventude…
Parabéns Iuri, achei muito lúcida a sua opinião!!
Valeu Lú!
Brilhante! Nosso incentivo ao esporte se limitou a tornar obrigatória a educação física nas escolas, mas os professores não tem recursos para dar aulas. Discordo apenas da importância das medalhas. A Jamaica, um país pobre, ganhou tantas medalhas no atletismo porque lá muita gente pratica este esporte, incentivados pelo Usain Bolt e outros exemplos. O importante é saber que em todos os países, para cada atleta que ganha uma medalha, existem milhares praticando aquele esporte. Ou algumas dedicações individuais como é o caso do Brasil no box e no pentatlo moderno.
Boa colocação! Sem dúvida quanto mais praticantes de um determinada modalidade tivermos maior a possibilidade de termos um super atleta.
A minha colocação não é esta. O bom é multiplicar praticantes de esporte, o que os super atletas podem fazer. Ter muito praticante para que apareçam super atletas é apenas uma consequência. Boa, se servir para retroalimentar o número de praticantes.
Concordo com o 1/10 da Natália, não pelo dinheiro que o esporte produz, mas pela diversão. Como cinema e teatro, por exemplo, os atletas (e quem trabalha para mostrá-los) produzem diversão e melhoria da qualidade de vida.
Valeu Iurao sabias e verdadeiras palavras
Abraço Tio! Valeu a força.
Adorei! Concordo demais. E toda Olimpíadas é a mesma coisa: performance ganha lugar de reclamações, no lugar de se enxergar o quadro geral…
Isso mesmo Nat! A vaidade e o patriotismo de se tornar uma super pontencia olímpica faz esquecer que medalha é o de menos em uma nação.